Hackeando a educação

Eu queria, num primeiro momento, utilizar a palavra “hacker”, no contexto educacional, como especificamente um modo diferente de aprender, de lidar com informações sem a parte pejorativa que já se conhece por hacker, hackear e outros derivados.É preciso entender que além do modo tradicional de sistematizar o aprendizado existem outras formas de se padronizar aquilo que se interessa por saber.

O jeito autodidata é algo que tem sido promovido nos últimos tempos, e podemos dizer que  vem obtendo resultados bastante significativos. E por autodidata também se encontra no contexto hacker. Desenvolver o “olhar” mediante a algo novo faz traçar o padrão individual de cada um para com a interpretação única de uma matéria, por exemplo.Para que não se tenha várias interpretações de um assunto se faz necessário o papel do mediador.

É claro que o estudo solitário tem uma maior probabilidade de se dar um “maior volta” em relação a algo abordado. Contudo, por falta de uma mediação humana no momento, a confirmação daquilo que se chegou como resolução deverá ser feita através de muitas plataformas para que se tenha uma maior certeza de que o que está se abordando seja realmente correto.Isto poderá ser por outros livros do mesmo assunto, internet,artigos, teses ao alcance, diferentes mídias etc.

Já o mediar a informação pode ser encontrado por outra pessoa que domine o assunto , ou ate mesmo um professor. O importante é que se aprenda o que deseja/necessita aprender.Um ótimo exemplo disso é o homeschcooling, onde a pessoa, no caso criança, é alfabetizada em casa podendo até continuar seus estudos com um tutor ou professor contratado ou até mesmo uma organização que promove este tipo de ensino e que não segue necessariamente uma escola tradicional.

Outra forma de ensino que está crescendo muito é a plataforma EAD. Muitas universidades importantes disponibilizam conteúdos juntamente com o seus profissionais da educação. Assim, os que preferem esta possibilidade de ensino devem também seguir a estruturação apresentada pela plataforma da instituição.

O enfoque deste artigo não é a desestruturação do padrão normativo de ensino. Tão pouco fazer uma revolução louca apresentando uma “coisa de outro mundo”. Mas sim promover (olha a pretensão!rs ) a devida disciplina para desenvolver o autodidatismo através da mediação cautelosa (sem entregar, inicialmente, a pessoa a ela própria,porem, deixando-a descobrir seus pontos de convergência).Onde deverá encontrar suporte material, profissional e humano observando sempre o protagonismo do interessado para que seus passos se tornem cada vez mais independentes.

Conceito Hacker

Empiricamente falando hackear é transformar .Algo que é hodierno pode ter o mesmo efeito com uma forma nova de fazer.No caso, o objeto de transformação é o ato de aprender/ensinar. Pode-se levar em consideração a introdução de aulas de programação para crianças ( isso ainda encontra falta de interesse , na melhor das hipóteses , aqui no Brasil) em fase escolar (ou de homeshooling) enquanto se aprender algo que normalmente sabe-se que é imprescindível como,por exemplo, matemática ,português, ciências sociais etc. a programação já é uma realidade atuante e por que não começar a utilizar? Ou melhor ainda, usar aulas com o computador para ambientar programação com e capacidade de calcular a tabuada,por exemplo.

Porém, quando dizemos que hackear é transformar não precisa ser, necessariamente, a utilização do computador  para que se tenha essa capacidade de transformação baseado  no conceito hacker de entendimento (claro que esse tipo de tecnologia é algo que faz parte e rapidamente é associado, mas não só ela).No que tange o ensino-aprendizagem comum existem novos formatos para que isso seja uma realidade requerida como sempre.

Voltando ao assunto do homeschooling esse é um modo de trabalhar o aprendizado que foi muito popular na década de 90 nos Estados Unidos e que ganhou grande repercussão pelo seus ótimos resultados pelos adeptos desta prática.Preocupados pelo ambiente escolar que propiciava a seus filhos, os pais, iniciaram um movimento que tem por iniciativa a unir o próprio convívio familiar com a possibilidade de transformar momentos (organizados ao ensino metódico ou não) em verdadeiros aprendizados de significados da vida e das matérias propostas.

Verificar sua própria evolução e determinar um padrão para poder “mergulhar” em qualquer assunto com a proposta de querer para si entender o que está sendo iniciado seja em matemática ou mesmo aprendendo a surfar, é conhecer a si mesmo como ente inerente ao mundo (seja de possibilidades ou a cultura em que se vive mesmo).Hacker agora , neste contexto é viver trabalhando o conhecer das coisas e da natureza.

Este termo também tem o seu sentido utilitarista que não se pode deixar de lado.É muito bom para uma criança saber desenvolver habilidades.Saber usar o que foi aprendido num modo experimental.E nisso, as aulas com o uso do computador dão um “salto” gigantesco e promove o interesse por diversas áreas.Um aluno que programa agora pode ser um ótimo pesquisador em qualquer setor de interesse que ele se especialize.Dessa forma, podendo contribuir para o bem geral do sociedade.

Segundo o Garoa Hack Clube ser hacker é:

“Há um grande mal-entendido a respeito do termo “hacker”. Muita gente entende que hackers são ligados ao crime e a outras atividades ilegais, mas na verdade eles são “amantes da tecnologia”, pessoas que compreendem tão bem o funcionamento de algo que são capazes de fazê-lo atuar para um propósito diferente do qual foi criado.”

“O termo Hacker remete aos anos 50, e não está relacionado apenas a computadores, já que hacker é alguém que faz sistema agir de uma maneira que não era esperada pelo projetista, capaz de dominar o comportamento de um sistema além do que o próprio criador pensou, em qualquer área, e não necessariamente de maneira ilegal.”

(essa explicação foi também baseada na reportagem que o portal Terra fez com eles: fonte)

Em primeiro momento o termo foi usado no sentido utilitarista, pois o Hackerspace Garoa Hack Clube são entusiastas da tecnologia e primam por disseminá-la.Contudo, logo após, passou para o seu sentido mais amplo onde o conhecer foi evidenciado.Aí está um pouco da idéia do mostrar o jeito Hacker de aprender.É se ater a um sistema e nele trabalhar para ser capaz de domina-lo.Então temos uma certa linearidade , por assim dizer.A criança é iniciada em seu ensino sistemático (através de um método) -> começa a reconhecer padrões -> em um dado momento percebe como absorver as informações passadas e intuitivamente as aplica nos assuntos que são tratados para com ela.O importante aqui nesse momento é o aluno reconhecer como essa forma de conteúdo se da para consigo.Isso tem que ser estimulado pelo tutor, pais, familiares,enfim, quem o acompanham nesta empreitada -> mais a frente ao se dedicar a algum assunto, reconhecer todo seu corpo de informações (claro que qualquer assunto sempre está evoluindo , o intuito aqui não é esgotar  mas sim, ter o necessário conhecimento) e assim dominar esse sistema -> Se for um maquinário, saber como lidar com seu funcionamento e até alterar se for o interesse -> Se for algum assunto teórico , emitir um pensamento a respeito dele ou até mesmo propor uma outra maneira de pensar.

 Autodidatismo

Como mencionado no início, a ideia é propiciar que a pessoa desde sua fase escolar inicial desenvolva sua capacidade autodidata.Que começando a reconhecer o que pode fazer sozinho, no que tange a comparar o que foi aprendido com um informação nova e evoluindo isto, poderá lograr posições contínuas a mais hoje melhor do que foi ontem.A capacidade de aprendizado através da troca de informações parece ser uma situação mais fácil quando o método desenvolvido propicie uma própria forma  de entendimento de como receber aquilo que esta sendo abordado.Surgindo dúvidas, o seu padrão de pensamento trabalhado o ajudará a fazer melhores perguntas.E também parece ser mais fácil quando formando uma pergunta ter a liberdade , sem receio, de perguntar.As escolas tradicionais ainda parecem escapar essa maneira de agir ( sem entrar no mérito da questão da violência e falta da amparo que o professor tem hoje em dia).

Por incrível que pareça essa liberdade para poder agir em prol de responder suas perguntas parece ser quando o aluno está mais confortável.Tendo disciplina necessária e foco no estudo um bom quarto com um computador pode fazer com que consiga ter um bom rendimento.

imagem retirada em: http://pessoas.hsw.uol.com.br/homeschooling.htm

Então, fatores como conforto, liberdade , própria forma de entendimento, surgimento de dúvidas melhor desenvolve o modo de querer compartilhar  informações.Então compartilhar o que entende pode ajudar no caminho correto do conhecimento.Porem, há um outro fator importantíssimo também dentro deste quadro ora dito: aprender sozinho parece deixar as pessoas mais felizes quanto a sua busca por conhecimento.

O homeschooling

Um dos maiores exemplos que podemos começar a falar propriamente é dos Estados Unidos.A partir do tempo que começou a ser legal ensinar em casa, como dito anteriormente , os adeptos começaram a ter bons resultados o que resultou em mais pessoas a se interessarem pelo movimentos, digamos assim.

Esse meio de ensino consiste dos pais (ou tutores designados) serem os guias de ensino e organizarem o plano de aula diário quanto ao semestre, ano… enfim, a estrutura de ensino para se transmitir o conteúdo pode ser melhor explorada desde que a ementa formada seja passada ao longo do ano programado.

Em relação ao conhecimento a ser passado aos filhos o estudo da matéria por parte dos pais deve ser constante.Uma boa bagagem quanto as informações precisas a serem entregues deve ser sempre levado em consideração,mas nada impede que o assunto seja retomado para que possa fazer um estudo exaustivo que se deseje.O sistema não é fechado em si sempre há uma chance de melhor passar a matéria , ou seja, de uma forma hacker.

Como já mencionado no tópico anterior essa proposta de ensino ,onde pode-se também ver o protagonismo do estudante,  percebe-se maior felicidade no aprender, pois proporciona uma interatividade com o mundo em que tudo vira motivo para querer  saber o porquê.

Um exemplo de bom resultado e de felicidade em hackear o ensino é o menino (à época) Logan LaPlante .Ele está ministrando uma palestra no Tedex e conta sua experiência de ser uma especie de homeschooler.Do convivio com adultos, pessoas da mesma faixa etária e de como ele se sente amado e feliz por estar envolvido nisto.

Uma das coisas mais interessantes da palestra é de como ele conta o seu modo de aprender, o padrão que encontrou para isso e de ser um hacker da vida.Assim, ele assume seu protagonismo e desenvolve muito bem sua criatividade.Um bom momento de se mencionar é quando ele chama a atenção, por assim dizer, sobre uma das coisas boas da vida: aprender a ser feliz.

E aprender a ser feliz é pontuado como educação e ,então, levanta-se uma indagação: Por que ser feliz e saudável não é considerado educação? Daí em diante é apresentado o seu próprio método hacker de se conhecer sobre este assunto

No avançar da palestra apresentado um exemplo de ser um hacker neste contexto a partir do que lhe percebido e conhecido.No caso, o exemplo foi de um instrutor de esqui que, sem entrar muito no mérito,  foi apontado como hacker , pois pelo seu conhecimento sobre seu ofício parece não encarar de modo ordinário, mas sim transformador.

Depois de apresentar este exemplo e de mostrar a sistematização de sua educação, Logan denomina seu modo de aprendizado como hackschooling, pois ele hackeia seu modo de aprender sobre os diversos assuntos.

O homeschooling americano por ter muito tempo tem métodos de implementação que pode ser aplicados (ou não somente) ao ensino domiciliar.

Mas também encontramos um crescimento significativo aqui no Brasil desse tipo de movimento

A questão da autoria quanto a criatividade

A medida que o educando tem seu protagonismo melhorado isso indica sua propensão em ter uma boa capacidade de criar.Deixar com que assuma atividades a partir do que foi aprendido exercita o pensar e pode funcionar como exercício oferecendo o dinamismo necessário do seu aprendizado.Então percebe-se que o aluno aprendeu a pensar e,assim, ter a aptidão para dominar o sistema (seja em que assunto for), ou seja, aprendeu a hackear.

Conseguindo hackear as possibilidades são muitas.Sua criatividade em relação ao novo emerge de forma fácil e cotidiana.Não será difícil ter disciplina, ser regrado conforme lhe aprouver, usar a intuição etc.Os caminhos vão ser sempre aberto para criar.

Em relação ao tipo de apoio para estudar sozinho existe um modo muito usado, trata-se do Scaffolding.É um método onde quem deseja o aprendizado autônomo também é de ajuda valiosa.Consiste em dado um tema de interesse o aluno é ajudado com diferentes assistências (como a explicação de algum parâmetro) ,então, ao passo que ele vai evoluindo no próprio tema esses apoios vão sendo removidos à exemplo dos andaimes de uma construção civil.Assim… pincelando bem rapidamente sobre Scaffolding.

O objetivo é que quanto sua ação e interatividade a medida que evolui nos diferentes tipos de assunto o aluno assuma  , digamos, os aspectos de responsabilidades que forem inerentes a que foi incumbido.

A tecnologia e a idéia Hacker

Mencionar o termo hacker fatalmente a ligação com a tecnologia é rapidamente associada seja de forma boa ou não,mas não tem como ignorar.É uma verdade,mas como até aqui foi tentado mostrar que hacker é transformar qualquer que seja o tipo de sistema: o modo de aprender, de fazer experimentos, de perceber o mundo etc.Não é diferente quanto a tecnologia.

Por tratar de tecnologia, esta por sua vez, é algo que serve para ser instrumento de desenvolvimento (ou o que permite o desenvolvimento); se for parar para analisar,por exemplo, a escrita é uma forma de tecnologia que evoluiu o homem até no modo de se relacionar.O aparição do sistema hindu-arabicos transformou o mundo, pois,falando a grosso modo, possibilitou aos poucos a saída do escambo e a entrada de uma relação mais exata quanto a troca de produtos.

Tecnologia, pelo seu sentido etimológico, diz respeito a ser instrumento que tem por finalidade fazer ou aperfeiçoar uma arte.Arte nesse sentido está mais para uma técnica , o fim de algo que facilite a vida do homem como,por exemplo,a capacidade de fazer um carro que pode  levar de um lugar para o outro de forma mais rápida do que ir a pé.De mesmo modo,calcular algo,escrever um poema também tem a ver com tecnologia. Tudo isso,digamos, num sentido mais lato.

Como já mencionado, ser hacker é se apropriar de um sistema de tal modo que se possa fazer mudanças a ela e que por sua vez chegue a possibilidade de um fim específico.No caso, um olhar diferente quanto a educação.

Em se tratando de aparatos tecnológicos como maquinários, braços robóticos, motores, robôs,computadores etc. também fazem parte do universo hacker e são usados para promover o ensino.

Assim, o próximo artigo sobre esse assunto será o hacker e a tecnologia nesse sentindo mais estrito, mencionando a pessoa com o uso de computadores.

Sobre o autor | Website

Gosta de ler e de games - defendeu com coragem o mega drive perante seus amigos nintendistas. Inserido numa cultura nerd, geek e qualquer outro adjetivo que remeta ao universo de ficção,fantasia e jogos; enfim, gasta uma parte do tempo em Final Fantasy IX e a outra parte em GOT. Também gosta de assuntos relacionados à tecnologia e aprendizagem: nada como um apetrecho tecnológico, por exemplo, o raspberry pi para hackear a educação.Acha que modificar métodos, apresentar novos meios e aprender uns com os outros pode ser considerado uma missão de vida.

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